segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Lei e Graça na vida Cristã


Lei e graça na vida cristã
Introdução
17
¶ Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição.
18
Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei.
19
Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus. (Mt 5:17 -19).
Uma grande confusão os evangélicos vivem hoje em dia, uns vivem na lei sem a graça, outros vivem na graça sem a lei.
Até que ponto um cristão pode viver na lei sem esquecer-se da maravilhosa graça, essa é uma pergunta que passa na mente de muitos evangélicos no Brasil, uma sociedade que prega a paz e amor, em nome do amor matamos, em nome da paz deixamos o próximo matar.
Em nossa vida de santidade como cristão, como devemos proceder, será que um crente fiel tem como harmonizar a lei e graça para vivemos conforme a palavra de Deus, que é a Bíblia, nós concordamos que a Bíblia é a nossa regra de fé e pratica, automaticamente estamos dizendo que existe uma lei, regra ou mandamento para nossa vida. Jesus não falou que veio mudar as leis, nem tampouco vetá-las, mas cumprir.
Nesse pequeno e simples trabalho quero mostrar que é possível uma vida santa usando a lei como um guia. E tentarei mostra um pouco da lei moral em nosso dia a dia, sem, contudo esquecer-se da dispensação da graça. A graça que sempre esteve com o povo de Deus tanto no Velho Testamento como na Nova Aliança.
Hoje em dia vemos duas tendências na igreja cristã a primeira é o legalismo que tanto o Apostolo Paulo lutou e escreveu vejamos o que é legalismo.
J. I. Packer diz: O legalismo (abordado em Romanos 4 e 9-11; Gálatas 2-5 e Colossenses 2) fruta a graça divina, por buscar a retidão mediante a religiosidade e as obras da lei, encarando-as como parte do fundamento de nossa aceitação diante de Deus, justamente com os méritos de Cristo. Paulo, todavia, insistia contra isso, dizendo que a fé em Cristo para a salvação é uma confiança exclusiva, de tal modo que uma professa confiança em Cristo que não exclua totalmente a autoconfiança não é fé real, aos olhos de Deus. Por esta causa veio a advertência pauliana aos gálatas judaizantes, os quais achavam que precisavam suplementar a sua fé em Cristo com o ato de serem circuncidados: “De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei, da graça decaístes” (Gálatas 5:4). A observância da lei não desempenha qualquer papel na justificação. Esta se realiza exclusivamente pela fé, pois acha-se somente em Cristo e através dEle, e é somente pela graça. Confiar nas próprias obras, juntamente com a obra de Cristo, desonra-O, frustra a graça e priva a pessoa da vida eterna (cf. Gálatas 2:21 e 5:2).[1]
Em segundo lugar é o mais comum nas igrejas atuais é o antinomianismo vejamos o que J. I. Packer escreveu sobre isso:
No outro extremo o antinomianismo (abordado em Romanos 6; 2Pedro 2 e 1João) erra por transformar “em libertinagem a graça de nosso Deus” (Judas 4). Enquanto o legalista exalta de tal modo a lei que chega a excluir a graça, o antinomiano é fascinado pela graça ao ponto de perder de vista a lei, como uma regra de vida. Ele argumenta que, visto que os crentes estão “libertados da lei” (Romanos 7:6) e não debaixo da lei, e, sim, da graça (Romanos 6:15), com o perdão eterno já em sua possessão, não mais importa que tipo de vida eles levem. Embora o legalismo e o antinomianismo, segundo certo ponto de vista, sejam pólos opostos de erro, há, na teologia, e freqüentemente na experiência, um elo de ligação entre eles: ambos procedem da mesma fala suposição de que o único propósito da observância da lei é obter justiça diante de Deus. Assim sendo, o legalista ocupa-se em estabelecer sua própria justiça, ao passo que o antinomiano, regozijando-se no dom gratuito da justificação pela fé, não vê razão alguma para guardar a lei. Muitos dos antinomianos, na história, têm saído do legalismo por reação ao mesmo. Ambos os erros, porém, são respondidos assim que percebemos que a lei moral expressa a vontade de Deus para o homem em sua condição de homem. Jamais teve a finalidade de servir como um método de salvação (e, de qualquer forma, é inútil para esse propósito). A lei foi dada para guiar os homens na vida de piedade. E a graça, ao mesmo tempo que condena a justiça própria, estabelece a lei como regra de conduta. Escreveu Paulo: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos no presente século, sensata, justa e piedosamente” (2 Timóteo 2:11,12). Essa é a resposta final ao antinomianismo: a graça estabelece a lei. [2]
Agora que já sabemos a diferença entre essa duas correntes e o perigo delas, como ter um equilíbrio para não cairmos no extremismo desses dois pólos.
Primeira coisa a observar é os tipos de leis que se encontra na Bíblia para depois usamos corretamente. Não é algo fácil para discernir por isso vemos uma igreja destorcida na suas doutrinas.
Três tipos de lei encontramos na Bíblia: Civil,Moral e Religiosa. Vamos começar vendo os tipos de lei para depois ver qual dessa pode ser utilizada em nossa vida.
Lei Civil ou Judicial – representa a legislação dada à sociedade israelita ou à nação de Israel; por exemplo, define os crimes contra a propriedade e suas respectivas punições.
Lei Religiosa ou Cerimonial – representa a legislação levítica do Velho Testamento; por exemplo, prescreve os sacrifícios e todo o simbolismo cerimonial.
Lei Moral – representa a vontade de Deus para o ser humano, no que diz respeito ao seu comportamento e aos seus principais deveres.

Para esclarecer a função da lei de Deus dada por intermédio de Moisés nas diferentes épocas da revelação, Calvino usou a seguinte terminologia:

O Primeiro Uso da Lei: Usus Theologicus
É a função da lei que revela e torna ainda maior o pecado humano. Segue o ensino de Paulo em Romanos 3.20 e 5.20:
...visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.
Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça.
O Segundo Uso da Lei: Usus Civilis
É a função da lei que restringe o pecado humano, ameaçando com punição as faltas contra ela mesma. É certo que essa função da lei não opera nenhuma mudança interior no coração humano, fazendo-o justo ou reto ao obedecê-la. A lei opera assim como um freio, refreando “as mãos de uma ação extrema.’’ Portanto, pela lei somente o homem não se torna submisso, mas é coagido pela força da lei que se faz presente na sociedade comum. É exatamente isto que permite aos seres humanos uma convivência social. Vivemos em sociedade para nos proteger uns dos outros. Com o tempo, o homem pode aprender a viver com tranqüilidade por causa da lei de Deus que nos restringe do mal. O homem é capaz, por causa da lei de Deus, de copiá-la para o seu próprio bem. É até mesmo capaz de criar leis que refletem princípios da justiça de Deus. Calvino menciona o texto de 1 Timóteo 1.9-10 para mostrar essa função da lei:
...tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina...

O Terceiro Uso da Lei
Esse uso da lei só é válido para os cristãos — ensina-os, a cada dia, qual a vontade de Deus. Segundo o texto de Jeremias 31.33, a lei de Deus seria escrita na mente e no coração dos crentes:
Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
Se a lei de Deus está impressa na mente e escrita no coração dos crentes, qual a função da lei escrita por Moisés? Ela é realmente necessária? Não basta um coração convertido, amoroso e cheio de compaixão para conhecer a vontade de Deus? A “lei do amor” e a consciência do cristão orientado pelo Espírito Santo não bastam? Não seria suficiente apenas termos a paz de Cristo como árbitro de nossos corações? (Cl 3.15).
Creio que não é bem assim. A lei, assim como no Éden, tem ainda um papel orientador para os cristãos. Embora eles sejam guiados pelo Espírito de Deus, vivendo e dependendo tão somente da sua maravilhosa graça, a “lei é o melhor instrumento mediante o qual melhor aprendam cada dia, e com certeza maior, qual seja a vontade de Deus, a que aspiram, e se lhes firme na compreensão.” A paz de Cristo como o árbitro dos corações só é clara quando conhecemos com clareza a vontade de Deus expressa na sua lei. Deus expressa sua vontade na sua lei e essa se torna um prazer para o crente, não uma obrigação. Calvino exemplifica com a figura do servo que de todo o coração se empenha em servir o seu senhor, mas que, para ainda melhor servi-lo, precisa conhecer e entender mais plenamente aquele a quem serve. Assim, o crente, procurando melhor servir ao seu Senhor empenha-se em conhecer a sua vontade revelada de maneira clara e objetiva na lei. [3]



Uns dizem que estamos na graça não precisamos mais da lei, agora que já vimos que existem diferenças entre as leis que encontramos na Bíblia ficou mais fácil entender que realmente necessitamos da lei Moral para nossa vida cristã.

Em seu artigo Lei vs. Graça: Os Dez Mandamentos e a Graça de Deus o Pb. Solano Portela comenta:

Estamos sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela continua representando a soma de nossos deveres e obrigações para com Deus e para com o nosso semelhante.
Estamos sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela, resumida nos Dez Mandamentos, representa a trilha traçada por Deus no processo de santificação, efetivado pelo Espírito Santo em nossas pessoas (João 14:15). Nos dois últimos aspectos, a própria Lei Moral de Deus é uma expressão de sua Graça, representando a objetiva e proposicional revelação de Sua vontade. [4]
Conclusão

Com o uso da lei moral podemos ter uma vida de santidade e saber o que Deus que para minha vida, a lei seve como uma estrada ela não salva, mas nos mostra o caminho que devemos andar. Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho. (Sl. 119: 105). O legal da fé Reformada é que defende a graça sem cair erroneamente.

Como bons cristãos devemos guardar os mandamentos do nosso Senhor e salvado em nossos corações, para não pecar contra ele e andamos em toda a boa obra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra. ( 2Tm 2:21).

Como Noé que Deus achou graça e teve uma vida piedosa, isto no Velho Testamento. Nós devemos ter uma vida beatitudes e consagração a Deus, como no sermão do monte Cristo falou dos Bem aventurados.Não devemos deixar de perseverar nas doutrinas Bíblicas. Mas ele disse: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam. (Lucas 11:28). Podemos utilizar a lei moral para despojar o velho homem e viver com forme a vontade de Deus. e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (Jo 8: 32).


Sola Scriptura.


Bibliografia
Meister,F. Mauro, Lei e Graça.São Pulo,Ed. Cultura Cristã,2003.
Johnson, L. Terry, A doutrina da Graçã na Vida pratica.São Paulo, Brasil. Ed. Cultura Cristã,2001.pg.135 a 151.
Calvino,Juan, Institución de La Religión Cristiana. FELiRe, Barcelona, Spain, 2006.Pg 245 a 312.
Fonte: Extraído do livro “Vocábulos de Deus” de J. I. Packer, publicado no Brasil pela Editora Fiel.
http://www.monergismo.com/textos/lei_evangelho/graca_lei_packer.htm
http://www.solanoportela.net/palestras/lei_graca.htm
http://www.thirdmill.org/files/portuguese/48135~9_19_01_11-05-10_AM~leigraca.htm
http://www.bibliaonline.com.br/

[1] http://www.monergismo.com/textos/lei_evangelho/graca_lei_packer.htm

[2] http://www.monergismo.com/textos/lei_evangelho/graca_lei_packer.htm

[3] http://www.thirdmill.org/files/portuguese/48135~9_19_01_11-05-10_AM~leigraca.htm

[4] http://www.solanoportela.net/palestras/lei_graca.htm

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